A Sagrada Escritura é a maior e a melhor Carta que Deus nos deixou. Seu Autor é o próprio Espírito Santo.
Interessante como uma carta transcende todo e qualquer outro escrito. Ela nasce de um determinado tipo de relacionamento e pode influenciar muito sobre o mesmo.
Existem diversos tipos de cartas como as comerciais, as de comunicações, as de simples avisos ou lembretes.
Contudo, existem as cartas mais íntimas, aquelas que levam consigo um pouco de quem as escreve e recebe. Existem as cartas que transmitem bastante de quem as escreve e recebe outro tanto do destinatário.
Isso porque, as cartas mais íntimas compartilham, com a vida, ao menos, um pouco do ser de quem as escreve e de quem as recebe.
A Parábola do Semeador traduz muito bem esta realidade.
“Saiu o semeador para semear” Mt 13,3. Jamais ele faria isso se não alimentasse o sonho de uma boa safra.
Porém, “uma parte da semente caiu no caminho. Os pássaros vieram e as comeram” Mt 13,4.
Outra parte “caiu em terreno pedregoso. As sementes brotaram, mas quando o sol apareceu as plantas ficaram queimadas e secaram. Não tinham raiz” Mt 13,5-6.
Uma terceira parte caiu entre os espinhos. Estes cresceram e sufocaram as plantas” Mt 13,7.
Finalmente, outra parte das sementes caiu em terra boa e produziu à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente” Mt 13,8.
Não é por nada que Jesus conclui a Parábola insistindo: “Quem tem ouvidos ouça!” Mt 13,9.
Podemos enfocar a Parábola na escuta com o coração. Nesse caso, quem compartilha conosco, na verdade, está lançando sementes de esperança de ser bem escutado, bem compreendido e bem acolhido.
Isso porque, na Parábola do Semeador, o campo é o coração humano. A semente é a vida, do irmão e nossa.
Quando compartilhamos sentimentos, a existência se transforma num presente em forma de partilha.
Somos estrada dura quando não escutamos com o coração nem a nós mesmos e nem aos outros. Não nos preocupamos em escutar com o coração os sentimentos e, muito menos, o que eles podem estar revelando sobre as pessoas que tentam compartilhar.
Somos pedregulho quando nos esforçamos para escutar. Contudo, a preocupação com o tema e outras circunstâncias nos impedem de acolher o outro e de ajudá-lo no seu desabrochar.
Somos terreno espinhoso quando não admitimos o outro com seus sentimentos e matamos sua esperança de evoluir que alimentava ao nos procurar.
Somos terreno fértil toda vez que acolhemos e escutamos com o coração os sentimentos, e, neles, a pessoa que compartilha.
Com isto, ela pode se encontrar, se animar, crescer e desenvolver-se produzindo frutos de relacionamento e de amor. Transforma-se em vida, e vida cada vez mais plena.
Acolhamos o outro escutando-o com os seus sentimentos, relacionando-nos com ele, ajudando-o a produzir verdadeiros frutos de amor, carinho e ternura. A escuta com o coração é uma verdadeira arte que só se aprende exercendo a mesma. Ela é fruto de uma, sempre renovada, Decisão de Amar e de se Deixar Amar.
Pe. Jacob, MSF.
