Ontem celebramos a Exaltação da Santa Cruz. Hoje a Igreja, Mãe e Mestra, apresenta para a nossa reflexão orante aquela que permaneceu, de pé, junto à Cruz onde o Filho Amado padecia pela nossa Redenção.
Naquela hora, a mãe testemunha que a dor humana, assumida com seu divino Filho, recebeu, não apenas um grande significado, mas, especialmente, um valor extraordinário. Isso porque, pela Paixão e Morte Redentoras do Filho de Deus, o que, até então, era indigno do ser humano, e, praticamente inútil, se transformou em matéria prima de Salvação.
O sofrimento de Jesus, quem sabe, seja o grande mistério, no sentido paulino, ou seja, a maior manifestação de uma intervenção amorável de Deus na vida dos humanos. Sem essa dor divina, suportada num corpo humano, a humanidade estaria, ainda hoje e para todo o sempre, condenada à morte eterna.
Essa é uma dimensão que podemos ter presente quando acolhemos que “Cristo, nos dias de Sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, Àquele que era capaz de salvá-Lo da morte” Hb 5,7.
Interessante é que o hagiógrafo aduz: “E foi atendido”, porém, acrescenta: “Por causa de Sua entrega a Deus” Hb 5,7, para complementar: “Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que Ele sofreu” Hb 5,8.
O Filho Amado foi atendido, não por uma libertação da morte que O aguardava e foi por Ele assumida, mas recebendo todas as forças que precisava para obedecer o Projeto Divino.
Consoladora é a conclusão que o hagiógrafo apresenta: “Mas, na consumação de Sua vida, tornou-Se causa de salvação eterna para todos os que Lhe obedecem” Hb 5,9.
Isso só aconteceu porque a mãe Maria, através do seu Sim, se disponibilizou a ser a Corredentora. Maria, aos poucos, foi percebendo que a sua maternidade transcendia o físico, bem como, a maternidade exclusiva em relação ao Filho físico.
Quando, “perto da Cruz de Jesus, estavam de pé a Sua mãe, a irmã de Sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena” Jo 19,25, “Jesus, ao ver Sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que Ele amava, disse à mãe: Mulher, este é o teu filho!”, para em seguida, dirigir-Se a João, para completar: “Esta é a tua mãe!” Jo19,26.
Como seria bom se tomássemos posse de que, naquele momento decisivo para a Vida do Filho, Ele pensou não apenas em Joãozinho, mas em toda a humanidade que ele ali representava e a ela confiou o cuidado de Sua mãe. Oxalá, como fez o discípulo amado, também nós acolhêssemos a mãe conosco levando-a para a nossa vida.
Pe. Jacob, MSF.