Por Pe. Jacob, MSF.
Quem pensa que a vida de Jesus de Nazaré foi um mar de rosas, engana-se. A partir da Anunciação, ainda no ventre materno de Maria, iniciaram as Suas peripécias. Antes do Seu nascimento, Sua mãe foi abandonada por José, que para isso, tinha as suas razões. Como Menino, teve que ser levado para o Egito, para escapar da fúria de Herodes.
Sua caminhada neste planetinha sempre foi acompanhada pelas dificuldades, umas naturais, outras criadas pela maldade e pela incompreensão de muitos.
Narra o hagiógrafo: “Jesus voltou para casa com os Seus discípulos”, talvez, com a intenção de repousar um pouco. Contudo, “de novo se reuniu tanta gente, que eles nem sequer podiam comer!” Mc 3,20.
Seus parentes, ao saberem disso, foram ao Seu encontro dizendo que Ele estava louco.
Até os mestres da lei, vindos de Jerusalém, faziam disso um pretexto para proclamarem que “Ele estava possuído por Belzebu, e que, pelo príncipe dos demônios Ele expulsava os demônios!” Mc 3.22.
O mestre chamou-os e lhes falou em parábolas: “Como é que Satanás pode expulsar a Satanás?” Mc 3,23, para, com a mesma lógica, afirmar: “Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se”, diz mais, “se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se” Mc 3,23-25.
O Nazareno diz para esses mestres da Lei, com toda a transparência e logicidade: “Se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído!” Mc 3,26.
Jesus, sempre disposto a perdoar, apresenta algo que nos deveria deixar de sobre aviso: “Em verdade vos digo, tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados como qualquer blasfêmia que tiverem cometido” e, podemos imaginar com que seriedade, aduziu: “Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado. Será culpado de um pecado eterno!” Mc 3,28-29.
O hagiógrafo revela a mágoa de Jesus que “falou isso porque diziam: Ele está possuído por um espírito mau!” Mc 3,30.
Em meio a esta apresentação, “chegaram a mãe de Jesus e Seus irmãos que, permaneceram do lado de fora e mandaram chamá-Lo” Mc 3,31. Certamente, pretendiam dissuadi-Lo de Seus Projetos Messiânicos. Era uma nova peripécia que Ele devia contornar.
Quando alguns da multidão O alertaram para o fato, o Mestre questiona: “Quem é Minha mãe e quem são Meus irmãos?” Mc 3,33, para, tranquilamente, “olhar para os que estavam sentados ao Seu redor, dizendo: Aqui estão Minha mãe e Meus irmãos”, e esclarece: “Quem faz a vontade de Deus, esse é Meu irmão, minha irmã e Minha mãe!” Mc 3,34-35.
De que lado nos encontramos? Somos dos que atribuem a Satanás as obras de Jesus? Pertencemos aos que acreditam na força da união? Fazemos parte dos que ouvem e, ao menos, tentam transformar em realidade o Projeto Salvífico do Nazareno?
Pe. Jacob, MSF.