O Evangelho de hoje, Mt 8,5-17, apresenta várias curas. Se acolhermos a assertiva de Frei Carlos Mesters, segundo a qual: “Todo milagre é uma amostra grátis do Reino”, estamos frente a frente, com a manifestação do Reino de Deus.
Cada cura operada pelo Mestre tem o seu ritual próprio.
Relata o hagiógrafo: “Quando Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se Dele, suplicando: Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia” Mt 8,5-6.
Numa atitude solidária, o Mestre Se propôs: “Vou curá-lo!” Mt 8,7.
Foi então que o oficial reagiu: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa”, e cheio de fé, prosseguiu: “Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado!” Mt 8,8.
Toda vez que entro em contato com essa vivência, e, outras tantas, fico meditando: Que palavra seria esta?
Numa dessas minhas interrogações me veio à mente a palavra Misericórdia! A meu ver é uma palavrinha que, se for, de fato, assumida, tem o condão de nos conduzir à salvação!
Ao lembrar essa palavra, um mundo me vem à mente. É difícil dissociar a Misericórdia do Perdão.
A partir disso, sou levado a rever a minha vida. Ninguém necessita mais da misericórdia que eu. Isso porque fui muito favorecido com tantos talentos e nem sempre consigo render com eles o esperado.
Da mesma forma, tenho que aceitar que nem sempre sou misericordioso nem comigo e, por isso mesmo, nem em relação aos demais. Assim sendo, para que eu possa alimentar esperanças de conversão e de melhoras, preciso acolher a misericórdia divina que Jesus me mereceu.
Somente o misericordioso pode assinar a própria potencialidade de ser favorecido por atitudes e comportamentos que partilhem da misericórdia. É o próprio Mestre que nos assegura: “Não julgueis e não sereis julgados”, e aduz: “Do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados, e com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos!” Mt 7,1-2.
Da mesma forma, creio que a misericórdia prepara para uma vivência mais autêntica da Decisão de Amar. Isso porque, o verdadeiro amor é oblativo e não faz distinção de pessoas. Somente o misericordioso é capaz de amar a si e ao outro sem colocar condições e sem exigir nada em troca. Somente o misericordioso é capaz de assumir um processo de conversão a partir de si mesmo. Somente o misericordioso consegue amar-se como é e oferecer esse mesmo amor incondicional aos seus similares. Jesus ficou tão admirado da fé desse oficial ao ponto de compartilhar: “Nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé” Mt 8,10, e, simplesmente, disse a ele: “Vai! E seja feito como tu creste!” Mt 8,13.
Pe. Jacob, MSF.