Jesus, o Manso e Humilde de Coração, quando a realidade assim o solicitava, sabia ser irônico, e até, por vezes, cínico.
Narra Marcos que “as autoridades mandaram alguns fariseus e alguns partidários de Herodes para apanharem Jesus em alguma palavra!” Mc 12,13.
Como bem mandados, ao chegarem disseram a Jesus, “Mestre, sabemos que Tu és verdadeiro e não dás preferência a ninguém”, e continuaram em sua rasgação de seda: “Com efeito, Tu não olhas para as aparências do homem, mas ensinas, com verdade, o caminho de Deus” Mc 12,14, e lançaram a isca: “Dize-nos: É lícito ou não pagar o imposto a César?” Mc 12,14, e, deslavadamente, aduziram: “Devemos pagar ou não?” Mc 12,14.
Jesus em Sua onisciência divina, “percebeu a hipocrisia deles e respondeu: Por que Me tentais?”, e inspirado pelo Espírito Santo, prosseguiu: Trazei-Me uma moeda para que Eu a veja!” Mc 12,15.
Os enviados, não suspeitando da estratégia do Nazareno, “levaram a moeda a Ele que lhes perguntou: De quem é a figura e a inscrição que estão nesta moeda?” Mc 12,16. Ainda nada suspeitando, sinceramente, responderam: “De César!” Mc 12,16.
Foi então que o Mestre, tranquilo, porém com certo sarcasmo, ordenou: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!” Mc 12,17.
No fundo, os enviados eram mais ingênuos que maliciosos, por isso. “Ficaram admirados com Jesus!” Mc 12,17.
O que podemos aprender dessa vivência de Jesus com Seus adversários? Lembremos o que o próprio Mestre nos legou: “Sede prudentes como as serpentes e mansos como as pombas!” Mt 10,16.
A vida continua sendo a melhor escola. Nada melhor que andar com os olhos abertos e os ouvidos aguçados. Quando menos esperamos, o que ocorreu com Jesus, pode acontecer conosco. Sem que Ele o tivesse previsto, os enviados vieram e O colocaram contra a parede.
As perguntas dos fariseus e dos admiradores de Herodes tinham a sua razão de ser. Mesmo mal intencionados ao fazê-las por ordem dos mandantes, no final, tiveram que aceitar a Sabedoria do Nazareno e acabaram-se admirando do Mesmo.
Tentemos aprofundar e atualizar a mensagem de Jesus: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!”
Como soa esta ordem para mim, cidadão do século 21 e seguidor missionário de Jesus de Nazaré?
Posso dizer que vivo integralmente este mandato? Sou honesto em dar a César, ou seja, ao Governo o que lhe pertence mediante uma honesta participação nos impostos? Sou fiel ao compromisso de cristão para, através da Participação Dizimal, dar a Deus o que, de direito Lhe pertence, através da minha vivência dizimal?
Jesus, ao veneno dos mandantes, usou o contra veneno da ironia, do cinismo e do sarcasmo. Na verdade, conseguiu mexer com a consciência não apenas dos enviados, mas, através dos séculos, está mexendo com a minha e com a sua.
Pe. Jacob, MSF.